Dicas básicas para a pesca da traíra

12:01smotta



Apesar de tudo o que já consta escrito e em vídeo na internet, sobre a pesca da traíra com iscas artificias, me atrevo a expor aqui o que eu aprendi na prática, ao longo de mais de 20 anos, pescando as dentuças de forma esportiva nos mais diversos ambientes.

O modus operandi (modo de realizar) básico de quem pesca com isca artificial deve ser apresentar para o peixe uma isca que se pareça (em sua movimentação na água) ao máximo com uma presa. Quanto mais indefesa parecer tal presa, mais o instinto do predador será aguçado. O trabalho da isca, realizado pelo pescador, aguçará a predação muito mais do que o formato e a cor que a isca tiver.

Vale observar, também nesta postagem, que o ato de arremessar uma isca artificial é conhecido como "pinchar"; não confundir com "pichar" que é a (desculpem-me) babaquice de rabiscar a propriedade alheia!

Eu considero a traíra como o peixe mais indicado, para que um pescador seja iniciado na prática da pesca com iscas artificiais.


Presente em todo o território nacional, a traíra tem predileção pelos locais com águas paradas, como represas, lagos, açudes e até mesmo em locais de pequena alagação, conhecidos como "brejos". Ocorre também em rios, sempre em ação nas margens com vegetação que adentre o leito.

Independente do local, a traíra certamente estará presente onde houver vegetação aquática, como taboas, plantas flutuantes e submersas.  Em rios que recebem quedas d'água, a traíra poderá ser encontrada em pontos sem vegetação, mas geralmente ela estará nos "sujos" (com vegetação), com todas as condições para que a sua isca fique presa.



O sucesso da pescaria da traíra, usando iscas artificias, dependerá de três fatores: condições meteorológicas, silêncio e precisão nos arremessos.

As condições meteorológicas não dependerão do pescador, embora seja dele a decisão de ir ou não pescar num dia com condições pouco favoráveis. Traíras costuma ficar inativas em águas frias, com 17º ou menos. Mais adiante falarei das condições ideais.

O silêncio sim, o pescador poderá controlar. A pé ou embarcado, deverá se aproximar com o máximo de cuidado do espelho d'água. Caminhar na ponta dos pés ou deslocar a embarcação com a pontinha do remo sem  provocar ruído algum.

A necessidade da precisão nos arremessos se dá por haverem locais mais indicados onde a isca deverá cair, para ser trabalhada e assim percorrer exatamente os pontos mais propícios.

Num local com as características do retratado abaixo, o ideal será fazer o primeiro lançamento ou na marca do círculo amarelo ou no do laranja e trabalhá-la pelo trajeto marcado por traços da mesma cor. O segundo lançamento deverá ser feito no ponto indicado pelo círculo ignorado no primeiro e a isca deverá ser trabalhada pelo caminho marcado por traços da mesma cor.


Nos pontos marcados por círculos branco, os lançamento também poderão ocorrer, mas nunca antes das áreas demarcadas em amarelo e laranja terem sido exploradas.


As imagens acima retratam um local sem a presença de vento (água flat, espelhada) onde poppers (iscas cuja frente tem formato pouco hidrodinâmico e que impele água ao ser tracionada pelo pescador), propbaits (iscas com hélices ou outros componentes giratórios),  minnow floatings (iscas de barbela curta que flutuam) devem ser trabalhadas com toques curtos, precisos e alternados, pois caberá ao pescador chamar a atenção da traíra, sem espantá-la, convencendo-a de que a isca é uma presa apetitosa e que não deve escapar.

Nem haverá a necessidade de uso de uma weedless (isca com proteção anti-enrosco no anzol), já que a área é limpa, mas se optar por uma delas o pescador deverá trabalhar da mesma forma que trabalharia as demais iscas, com toques curtos.

Em local sem caminhos livres de vegetação, o ideal será escolher o trajeto menos sujo, arremessar iscas com weedless e trabalhar da mesma forma que as demais iscas, com toques curtos e alternados. Na imagem abaixo, uma indicação, em verelho, do que seria o caminho menos sujo. 

Se a weedless tiver ação de propbait (como o sapinho de pernas giratórias citado mais mais abaixo), o pescador poderá optar por um recolhimento lento e contínuo.



Eu experimentei diversas iscas artificiais, para pescar traíras e, de um modo geral, por pescar muito em águas com bastante vegetação, as que mais geraram sucesso foram as com weedless.

Entre elas, a Rebel Buzzn Frog (um sapinho com as pernas giratórias) é a campeã. Quem ainda a encontrar à venda, e desejar pescar traíras, deverá comprá-la imediatamente ou me informar, o quanto antes, pois eu a comprarei. Ela é praticamente "inagarrável", mas, ainda assim, todo cuidado é pouco eu adicionei mais proteção anti-enrosco às duas que possuo.

Pesando 14 gramas, ela vem equipada com um anzol, voltado sempre para cima, guarnecido por um weedless. Eu substituí o anzol por uma garateia e acrescentei um weedless à parte da garateia que fica voltada para baixo.

As pernas do sapinho já viradas, demostrando que giram. 
 

O weedless que adiconei.

Em um outra, já na cor verde, acrescentei uma garateia, mas cortei a terceira ponta (a que ficaria voltada para baixo), adicionei um anzol de modo a deixar as três pontas voltadas apenas para cima e acrescentei um weedless para proteger cada extremidade.

Os weedless que adicionei.

As pernas do sapinho já viradas, demostrando que giram. 

A ilustração na embalagem da isca, mostrando os movimentos das pernas.


Outras iscas com weedless, essas de borracha, se mostraram eficazes, mas não tanto quanto os sapinhos acima, por não produzirem o barulho provocado pela rotação.

Esta Natural Frog 
(dorso)

(barriga)

E esta outra nacional e bem similar à importada
(dorso)

(barriga)


Plugs (iscas com formato que lembram peixes) de superfície também se mostraram eficazes, mas apenas em áreas mais limpas, livres da vegetação propiciadora de enrosco.

Este popper da Chug-O-Lure, da Bagley's (misto de popper com popbait), consegue  levantar as dentuças, se trabalhado de forma a irritá-las.

A frente chanfrada responsável pela parte popper.

E este popper simples da Yo-Zuri conhecido como "F".

As propbaits (de preferências as dotadas de dos hélices) geram bons resultados, pois tudo o que emita vibração atrairá as traíras.

Com uma Devil’s Horse da Smithwick, similar a da foto baixo, tive várias ações e capturas.

Spinnerbaits (iscas formadas por um um jig (anzol com "cabeça" de chumbo) ligados a colheres giratórias) também podem ser utilizados em locais "sujos", já que são projetadas para manterem os anzóis sempre protegidos.



Buzzbaits (iscas que contam com hélices onde as spinnerbaits têm colheres) costumam dar mais resultado, por produzirem mais vibração, provocando mais as mal humoradas dentuças.

Plugs do tipo minnow floating (iscas de barbela curta que flutuam) também geram resultados, mas somente devem ser utilizados em água sem vegetação.

Estas minhas duas "Pegador-1" do saudoso Faria já fisgaram muitas dentuças


Sticks (plugs com peso na "cauda" que as mantêm na diagonal - cabeçada elevado/cauda afundada - num ângulo de aproximadamente 45º em relação à linha d'água) 

Esta MirrOLUre 95MR (minha tradicional fisgadora de rolabos) também fisgou algumas dentuças, nas capturas mais espetaculares que realizei. O ataque de um predador a um stick é sempre um espetáculo e com as traíras não é diferente. 

Basicamente, toda isca que vier a cruzar o "território" de uma traíra será atacada. Algumas chamarão mais a atenção das dentuças, mas o fundamental será utilizar as mais indicadas para o local onde a pescaria estiver sendo realizada. Local com vegetação pedirá iscas com weedless e nos locais limpos o pescador poderá dar mais asas à imaginação, testando todas as que tiverem em sua maleta, tirando suas próprias conclusões que irão compondo a melhoria em seu aprendizado.

Vale ressaltar que a traíra pode ser pescada com iscas artificias em qualquer uma das 24 horas do dia e que após as tempestades que geram descargas elétricas (trovões e raios) essas dentuças ficam especialmente ativas, assim como também em dias de luas grandes (nova e cheia).







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