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Parâmetros para escolha do seu primeiro conjunto (vara e carretilha) para pescar de caiaque com iscas artificiais

22:54smotta



Alguns parâmetros, básicos, para escolha do conjunto vara / carretilha, para pescar com caiaque.

O texto abaixo lhe dará condições para buscar por dois dos mais importantes apetrechos da pesca esportiva, com isca artificiais.

Embora seja complicado estabelecer parâmetros, para a escolha do material ideal na prática da pesca esportiva, principalmente quando se trata da vara e da carretilha - devido às várias possibilidades, em função do tipo de pescaria, das iscas, dos peixes pretendidos, do tipo físico e das preferências do pescador, entre outras -, atendendo a pedidos e visando apenas simplificar as informações, para nortear aqueles que estejam iniciando na pesca com caiaque, listei referências básicas, que deverão facilitar as escolhas desses apetrechos.

Sem qualquer relação com marcas e modelos, segue exposto apenas o que pode ser considerado como o básico do básico, em termos de informação necessária para definição da vara, da carretilha e/ou do molinete, a serem utilizados, tanto na pesca vertical quanto na de arremesso, em costeiras, baias, manguezais, rios e represas. 

Não há neste artigo nenhuma pretensão de expor verdades absolutas, pois com o passar do tempo, e com a consequente aquisição de experiência, o caiaqueiro pescador terá condições de fazer escolhas bem mais criteriosas.

Vara: a vara é o equipamento com o qual são realizados os lançamentos, os trabalhos com as iscas e as recuperações de linha. 


Considerando que será a primeira a ser adquirida pelo pescador, para a prática da pesca com iscas artificiais e buscando versatilidade: se for encomendar em um Rod Builder (profissional que atua montando vara de pesca - no Brasil são encontrados excelentes montadores), valerá expor a ele o tipo de pescaria pretendida, quais peixes serão buscados, quais classes e pesos das iscas serão utilizadas e o que mais o montador julgar necessário saber. Caso vá buscar uma vara já pronta no mercado, se atenha a:

Tamanho: embora seja uma referência de que envolva caráter pessoal e, por isso, complicado de se estabelecer tamanhos ideais, para quem pretende pescar a bordo de um caiaque e sentado, arrisco dizer que a faixa de tamanho ideal variará entre 5'6" (5 pés e 3 polegadas = 1,60 m), a cada dia mais difícil de serem encontradas prontas, até 7 '10" (7 pés e 10 polegadas = 2,38 m)...


Cada pescador, em função da estatura, do tipo de pescaria que fará e do tipo de isca que utilizará, se afeiçoará mais a alguns tamanhos de vara.

Material do corpo (blank): IM6 (mais resistente a impacto, mais pesado e mais barato que IM7) ou IM7, se a intenção for uma vara com peso inferior aos das com o corpo em IM6. Blanks fabricados com compostos mais avançados já terão preço bem mais elevado. No entanto, aqueles que indiquem apenas “carbon grafite”, mas cujo peso não seja exagerado, serão também indicados.

Material do cabo:
• Na parte inicial (foregrip): cortiça (melhor que EVA) ou EVA.
• Na parte final (reargrip): cortiça (melhor que EVA) ou EVA.
• Fixador da carretilha ou do molinete (reelseat): o importante será que essa parte da vara receba bem a carretilha ou o molinete, permitindo um acoplamento fácil, sem folgas e um desacoplamento sem esforços e também que permita contato da mão do pescador com o corpo da vara, para aumento da sensibilidade.

Material dos passadores:
• Se a intenção for utilizar linha de multifilamento, o ideal é que os passadores sejam de SIC, por não sofrerem danos causados pela linha e não causarem danos ao multifilamento. Os de Alconite, apesar de não serem recomendados para uso com linhas de multifilamento, a curto prazo (e não se não forem usados com grande frequência), não sofrerão grandes desgaste pela abrasão da linha.
 • Se a intenção for utilizar linha de monofilamento (nylon), os passadores poderão ser de óxido de alumínio ou de hardloy...
• O ideal é que vara tenha, no mínimo, seis passadores mais a ponteira.

Partes: o ideal é que seja composta por apenas uma parte ou, no máximo, por duas.

Resistência (linha indicada): 

  • Para baitcasting, visando arremesso de plugs e demais iscas, basicamente, de 6 a 12 libras ou de 8 libras a 17 libras, dependendo do casting (peso da isca que você pretenderá arremessar).
  • Para a pesca vertical, com jumping jigs ou jig heads, de 8 libras a 17 libras ou de 10 a 20 libras.
Casting (capacidade de arremesso - peso das iscas que a vara suportará arremessar): 
  • A faixa de casting é um dos mais importantes aspectos de uma vara. Busque por uma vara cujo casting seja compatível com o peso das iscas que você pretende usar. É pensando na isca a ser arremessada que a vara deve ser escolhida.
Até se tornar bem prático, o pescador deverá respeitar os limites de resistência de linha e de peso a ser arremessado com vara em uso. Tendo como exemplo uma vara com indicação de linha entre 8 e 14 libras (entre 3,63 e 6,35 kg) e com casting de 7 a 28 gramas, para quem está iniciando, o ideal será utilizar em tal vara uma linha que resista a um mínimo de 3,63 kg e que não ultrapasse a resistência de 6,35 kg. Já as iscas a serem arremessadas com ela, deverão ter um peso mínimo de 7 e um máximo de 28 gramas . 

Ação (o quanto a vara enverga): rápida (enverga do último quarto para cima) ou extra-rápida (enverga do ultimo quinto para cima). Varas que enverguem mais (lentas e médias) poderão ser utilizadas, principalmente para arremessos de iscas mais leves, mas serão menos versáteis. Se for dispor de mais de uma vara, poderá variar as ações de cada uma, mas para ter apenas uma, as rápidas ou extra rápidas serão mais indicadas, embora essa seja outra questão de escolha muito pessoal. Eu não faço uso de varas cuja ação não seja rápida ou extra rápida, mas há quem faça uso até das lentas no baitcasting e se saia muito bem. Não um "certo" e nem um "errado", a predileção do pescador é que determinará.

Peso: quanto mais leve, menos fadiga causará ao pescador e mais arremessos no final de um dia de escaria ele conseguirá realizar. Como mero exemplo, para as de tamanhos 5'6", o ideal será que o peso não seja superior a 120 gramas, para as de tamanho 6'6", por volta dos 150 gramas será o ideal. 


E com base na afirmação que fiz acima "É pensando na isca a ser arremessada que a vara deve ser escolhida.", vale observar que o praticante de baitcasting precisará ter, no mínimo, duas varas, se desejar fazer uso de iscas com faixas de peso muito distintas.

Carretilha: diferente do que a maioria das pessoas se dá conta, a carretilha (assim como o molinete) é um equipamento destinado apenas a liberar e/ou a enrolar a linha que estará ligada à isca. Assim sendo, a carretilha não ajuda em nada nos arremessos, tarefa que cabe exclusivamente à vara. Afirmações do tipo "essa carretilha arremessa muito bem!" são infundadas e geralmente proferidas por pescadores entusiasmados ao se depararem com uma carretilha que os tenha atrapalhado menos que outras. O equipamento que terá a incumbência de arremessar bem, ou mal, será a vara. À carretilha caberá apenas liberar a linha que estará presa à isca e enrolar a linha, conforme as folgas forem surgindo, seja no trabalho das iscas quanto na briga com os peixes. 

Para quem duvidar de que no ato de arremessar uma carretilha apenas atrapalha, basta fazer o seguinte teste prático: 1) Pegue seu conjunto (vara/carretilha) preferido, para arremesso, arremesse uma isca e meça a distância alcançada. 2) Se prepare para fazer um segundo arremesso, com o mesmo conjunto e mesma isca, mas antes de liberar a linha que estará presa ao carretel da carretilha, corte-a (isso mesmo, corte, separe a linha, a liberte da carretilha) e a mantenha presa apenas, pela pressão de seu dedo polegar, de encontro ao carretel, como se a linha não estivesse cortada. 3) Arremesse, meça a distância obtida, compare a distância do primeiro arremesso (no qual a linha estava ligada à carretilha) com a distância obtida no segundo arremesso, que não teve participação alguma da carretilha, já que a linha não estava ligada a ela. Com esse simples teste, ficará claro que, nos arremessos, a carretilha somente atrapalha e o máximo que esse equipamento poderá fazer será atrapalhar um arremesso o mínimo possível.   

E o que definirá uma boa carretilha e uma carretilha ruim no momento do arremesso de isca? Será considerada a melhor, aquela que atrapalhar menos e, consequentemente, a que mais atrapalhar será a pior.  

Capacidade de linha: não há como citar uma capacidade de linha em uma carretilha como sendo a ideal, sem o risco da subjetividade. Portanto, o bom será realizar uma análise que leve em consideração o conjunto (vara/carretilha) e as pescarias básicas que um caiaqueiro pescador poderá realizar, em costeiras, baias e manguezais... 

Se a vara escolhida for, por exemplo, uma cuja linha indicada deva ter a resistência entre 8 e 14 libras (de 3,63 a 6,35 kg), a carretilha (ou o molinete) que formará conjunto com ela deverá receber uma linha dentro dessa mesma faixa de resistência. Geralmente as carretilhas e molinetes têm suas capacidades nominais de linha divulgadas em metros (ou em jardas - "yds"), por diâmetro (bitola) em milímetros. 
Eu não considero correta a teoria de que as especificações marcadas num blank sejam de diâmetro da linha, com base em monofilamento, e não da chamada potência da vara. No meu modo de ver, a linha deve se um fusível e, portanto, de libragem sempre inferior (no máximo igual) ao marcado no corpo da vara.

Para se criar uma base de raciocínio, consideremos a seguinte situação: se um pescador (usando uma carretilha abastecida com 100 metros de uma linha cuja resistência esteja dentro da faixa indicada para a vara em uso), ao realizar um arremesso que atinja 25 metros de distância, conseguir fisgar um peixe, logo após a isca ter caído na água, ainda restarão 75 metros de linha, para que ele trabalhe o peixe fisgado; o que não será pouco, para quem esteja a bordo de um caiaque. Com base nisso, poderemos considerar que uma carretilha (ou molinete) que comporte 100 metros, da linha indicada para a vara a ser utilizada em conjunto, terá uma capacidade que atenderá. Assim, uma carretilha a ser utilizada numa vara de 8 e 14 libras (de 3,63 a 6,35 kg), na qual caibam 100 metros de linha dentro dessa faixa de resistência, já estará de bom tamanho, para uso em pescaria com caiaque, na busca pela maioria dos peixes esportivos encontrados em 
 costeiras, baias, manguezais, rios e represas.   
  
Quantidade de rolamentos: tal quesito não chega a ser determinante, já que, de modo geral, implica apenas num mecanismo menos ou mais suave e que fará com que a carretilha atrapalhe mais ou menos os arremessos, principalmente os de iscas mais leves. Quanto a isso, a relação custo x benefício deverá ser o maior norteador para a escolha, cabendo ao pescador (maior conhecedor de seu próprio bolso) avaliar até quanto valerá a pena gastar num equipamento com mecanismo que proporcione não atrapalhe muito a vara no momento de realizar arremessos mais longos e que propicie um uso mais confortável. Há inclusive um novo e competente fabricante produzindo carretilha sem um único rolamento de esferas e que, curiosamente, vem se mostrando superior a muitas outras que contam com vários desses rolamentos, 
por atrapalhar menos nos arremessos, por ter um mecanismo que torna seu uso muito confortável e por requerer menos manutenção.

Material do corpo: não há material a ser indicado como ideal, mas vale observar que todo equipamento metálico utilizado para pescar em água do mar deverá ser bem limpo depois de usado, para a retirada da salinidade marinha. Para quem busca os peixes do mar, as carretilhas com o corpo em magnésio exigirão ainda mais cuidados e limpeza após o uso, pelo fato desse metal ser mais predisposto à corrosão, mesmo quando recebem tratamentos especiais.

Velocidade de recolhimento: das habitualmente disponíveis, uma taxa de 6.2:1 (6 voltas do carretel para cada 1 volta na manivela) a 6.5:1, poderá ser considerada como indicada para a maioria dos trabalhos com iscas artificiais. Taxas mais rápidas (número inicial superior a seis) também atenderão. As mais lentas (número inicial inferior a seis) deverão ser evitadas, por quem estará comprando a primeira carretilha, devido à pouca versatilidade. Na realidade, a quantidade de linha recuperada em cada volta do carretel será ainda mais determinante do que a velocidade de recolhimento, pois - devido à capacidade do carretel - uma carretilha com menor velocidade poderá recuperar mais linha que uma teoricamente mais veloz. Uma recuperação de 65 cm de linha por cada volta da manivela já poderá ser considerada como indicada, para o um conjunto inicial.

Drag (arrasto permitido): embora normalmente não seja encarado dessa forma, vale observar que o drag da carretilha (ou molinete) tem a função aliviada pelo vergar da vara. Um drag a partir dos 4 kg poderá perecer pouco, mas já deverá ser considerado como indicado.

Peso: nesses aspecto, quanto mais leve melhor, mas uma carretilha (ou molinete) com peso até 220 gramas, será indicada, para fazer conjunto com uma vara que pese até 150 gramas.

Lado da manivela: apesar do todos os mitos que envolvem as definições dos dois lados possíveis na manivela de uma carretilha, principalmente, se a intenção for utilizar iscas artificiais que dependam de trabalhos mais sutis, para simularem uma presa e seduzirem o peixe predador (como requerem os plugs), eu sugiro que seja dada preferência às carretilhas cuja manivela não esteja de um lado que lhe force a segurar nela com a mesma mão que você escreve. Por quê? Porque a mão mais hábil do pescador deve realizar (na pescaria com iscas artificias) as tarefas que exigem mais precisão, como realizar arremessos, segurar a vara, para com ela poder imprimir trabalhos que deem "vida" à isca e fazer a aproximação do peixe, enquanto a mão menos hábil realiza o simples trabalho de segurar na manivela da carretilha e recolher a linha. No início de minha carreira como pescador esportivo, nem todos os modelos de carretilha eram ofertados com manivela esquerda e cheguei a possuir duas com manivela direita. Por mais que eu me esforçasse, não houve acordo entre minha mão esquerda e meu cérebro... Me desfiz das duas.  


Apesar se não ser uma regra - já que muitos pescadores trabalham muito bem as iscas artificiais segurando na vara com a mão que não é a mais hábil das duas - eu sugiro o seguinte:
  • Destros: quem é destro e não tem habilidade com a mão esquerda, e comprará a primeira carretilha, para pescar com iscas artificiais que exijam trabalhos para ganharem vida (como os plugs de ação superfície), deverá escolher com manivela esquerda.
  • Canhotos: quem é canhoto e não tem habilidade com a mão direita deve, baseado no mesmo que argumentei para os destros, deverá escolher com manivela direita.

Há duas argumentações que defendem o uso de carretilha com manivela direita para destros, mas nenhuma delas me convence. Respeito o direito dos que enxergam assim, mas considero como um exagero - principalmente tendo em vista a tecnologia atual das carretilhas - a argumentação de que uma carretilha com manivela esquerda sofre mais com uso na água salgada. Baseio-me também no fato de todas as minhas carretilhas atuais terem manivela esquerda, inclusive as
cinco (fotos a seguir) que adquiri há mais de 20 anos e que estão em perfeito estado de conservação e funcionamento. 

 
                                                   

 
                                                         

                                                                           
                                                                       
A outra argumentação que também não me convence é a de que o ideal seja não segurar a vara com a mesma mão que realiza os arremessos, para evitar cansaço muscular. 

Preferências pelos lado da manivela à parte, com os parâmetros citados acima, você, caiaqueiro pescador, estará fundamentado para comprar seu primeiro conjunto de pesca  (vara / carretilha) pela internet, sabendo por quais dados procurar e até para ir até uma loja física e pedir o que precisa, sem a necessidade de depender totalmente da opinião de vendedores, pois esses nem sempre são conhecedores do assunto e acabam por indicar produtos com especificações que poderão estar longe da reais necessidades que você tem.
   
E para facilitar a assimilação das medidas que poderão constar em alguns desses equipamentos, vale arredondar as unidades mais usadas fora de nosso país e que não são as aqui convencionadas:
  • 1 pé (Ft. ou ') = 30 cm
  • 1 polegada (In. ou ") = 2,5 cm
  • 1 libra (Lb) = 0,5 kg
  • 1 onça (Oz.) = 30 gramas

As equivalências corretas (sem arredondamento) são:
  • 1 pé (Ft.) = 30,48 cm
  • 1 polegada (In.) = 2,54 cm
  • 1 libra (Lb) = 453, 29 gr
  • 1 onça (Oz.) = 28,34 gr

Boas compras, sucesso em suas pescarias e reflita sobre o necessário ato de pescar e, o quanto antes, liberar! Caso lhe reste alguma dúvida, deixe sua pergunta na aba comentários.

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2 comentários

  1. As dicas ficaram massa mas podia dar mais dicas de marcas e n pesca com isca artificial o certo né usar apenas carretilha? Pescador que usa molinete ainda é do tipo que está começando, nem vai ler isso que vocês escreveam.

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    1. Fazer citação de marcas deixaria o artigo muito subjetivo. O mais importante são as especificações básicas e não o fabricante ou modelo... Não é correto considerar que na pesca com iscas artificiais se deva usar apenas carretilhas, a utilização de molinete, por quem os prefira, é também acertada. Eu não faço uso de molinetes, mas conheço pescadores dotados de grande experiência e técnicas que não utilizam carretilhas para pescar com iscas artificias e picham com maestria com seus molinetes, superando muitos dos pescadores que somente fazem uso de carretilha. É uma questão simples de preferência pessoal e de adaptação, o importante será pescar e ser feliz usando o equipamento que mais lhe agradar.

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